O
massacre de Paris e as lições de solidariedade e diversidade
Bayard
Do Coutto Boiteux
O mundo passa por uma onda de violência nunca vista:fanáticos estão semeando o
pânico em inúmeros países,alguns com pouca visibilidade mas com a morte de inocentes.A
cidade luz,a linda Paris das contradições,das "banlieues" ricas e
daquelas carregadas de revolta foi massacrada por um grupo de terroristas
do chamado "Estado islâmico".
Não
é a primeira vez que a França sofre a ira dos Jihadistas.Alías,e na França que
existe o maior processo de recrutamento de terroristas,que hoje representam 34
mil franceses,número alarmante devo confessar.O episódio do Charlie
Hebdomadaire levou à comoção milhões de franceses,embora a referida
revista tivesse de alguma forma,desrespeitado fundamentos de uma
religião,lembrando que ela o faz também com outras.
Desta
feita,foi diferente.Resolveram atacar locais frequentados por locais e
turistas,como restaurantes e casas de espetáculo.Foi o maior ataque,desde a
segunda guerra mundial na França e com resquicios de atrocidade:129 mortos e
352 feridos,dos quais 100 em estado grave.Estão misturados no total não só
franceses mas estrangeiros,o que deu uma visbilidade muito grande ao
fato,sobretudo lembrando que a França é o maior país turístico do mundo(que
recebe o maior contingente de turistas internacionais) e Paris uma das
cidades mais visitadas e considerada "segura" nos paramétrios
turísticos.
A
França ,aliada dos EUA nas guerras internacionais,ainda não havia sentido a
fúria e o poder de organização do Estado Islâmico.A casa de show Bataclan
apresentava uma banda norte-americana e o stade de France,um jogo França X
Alemanha. Os restaurantes da moda faziam parte do charme dos 10 e 11
arrondissements,como são denominados os bairros naquela cidade.
Paris
acordou vazia e continua hoje,com policiamento ostensivo nas ruas,revistas em
alguns locais,como supermercados e uma orientação das autoridades para que
permaneçam em casa.No entanto,a solidariedade fala alto e filas enormes para
doação de sangue se formaram,profissionais da saúde se ofereceram para ajudar e
velas foram acesas próximas aos locais dos atentados por pessoas que perderam
entes queridos mas que queriam demostrar um sentimento de luta e tristeza .
Dentro
do quadro de comoção,aparecem novamente os sentimentos de xenofobia e
ultradireitistas culpando o governo de descaso com os franceses.Alias,é sempre
bom lembrar que a França é o maior país muçulmano da Europa ,que 16./. de
parisienses pertecem a tal religião e que há muita polêmica nas relações com
tais franceses.Sim,são franceses,apesar de seus nomes diferentes e suas
escolhas religiosas.Não podem ser confundidos com terroristas e não se pode
generalizar. É um momento de Dar as mãos e buscar uma luta efetiva contra
grupos ortodoxos,que espalhados no mundo já
mataram australianos em uma discoteca em Bali,explodiram embaixadas e hotéis na
Indonesia,para citar alguns exemplos.
Estamos
todos consternados e um pouco fora da realidade,que encontramos em viagens
internacionais que passam a merecer mais cuidados e análises.A onda começou em
Paris mas há ameaças para outros grandes centros urbanos,como Roma e Londres.
Por
outro lado,os imigrantes que fogem de ditaduras e entram na Europa vão ser
visto como propagadores dos atentados,já que um passaporte sírio foi encontrado
ao lado de um cadáver. É outro ponto que nos deixa apreensivos e
temerosos de ações pontuais de franceses contra os grupos de refugiados.
Enfim,o
mundo continua e tais ataques não vão nos fazer parar.O mundo vai continuar
lutando contra aqueles que renegam a diversidade e sob o nome de um
"DEUS" querem impor religiões e preceitos. É hora de uma grande
reflexão e tomada de posição.Não devemos ir para as redes sociais,comparando
tragédias ou postando absurdos.Muita calma,no momento da dor,que precisa ser
acalmada com o poder da compaixão e da vontade de mudar.
Paris,minha
solidariedade a você,que hoje sofre uma dor e grita revoltada pelo que
fizeram aos seus.Você vai se recuperar.Allons enfants de tout le
monde...