02/02/2014

Orlando III

Acabo de regressar de Orlando, onde estive pela 34ª vez, para uma reciclagem geral e entender melhor o consumidor brasileiro. Devo confessar que encontrei os parques da Disney com avanços tecnológicos importantes, mas senti que os colaboradores estavam cansados e que pareciam desmotivados. Soube, posteriormente, que os salários pagos não são dos mais atrativos, e que as jornadas são pesadas.

Senti também falta de iluminação, nos horários noturnos, que podem ocasionar algum acidente, assim como falta de postos de informações nos estacionamentos, uma vez que consumidores estrangeiros se sentem perdidos, em alguns momentos. No entanto, verifiquei que o consumidor brasileiro vem sendo priorizado, com folhetos em português, castmembers falando nosso idioma e algumas experiências em português, como o Spaceship Earth, no Epcot Center.

Na verdade, os brasileiros estão invadindo Orlando. São consumidores ao mesmo tempo quantitativos e qualitativos. Adoram comprar, e o comércio local foi contratando vendedores que falam português nas grandes lojas e shoppings. Há , inclusive, naquela cidade da Flórida, um número significativo de restaurantes brasileiros, padarias, postos, que vão formando uma “little Brazil”, nos arredores da International Drive.

Sente-se que alguns viajam pela primeira vez e que ficam encantados com os preços competitivos do comércio local. Vivem carregados de sacolas e compram desde perfumes, tênis, roupas, relógios a iPhones, computadores e óculos. Nota-se também um novo perfil de consumidor, oriundo das classes C e D , que está viajando dentro de um conceito econômico.

Os brasileiros que normalmente são muito alegres e comunicativos precisam tomar cuidado em algumas situações. Não devem se sentar no chão dos shoppings, o que não fazem no Brasil, nem nas atrações dos parques. Precisam entender que não se guarda lugar nas filas e que o tom de voz pode ser moderado, embora nossa língua seja muito bonita. Somos, geralmente, educados e gentis e assim devemos ser percebidos no exterior, quando viajamos.

O transporte público de Orlando, embora não seja dos melhores e nem sempre esteja no horário, é uma boa opção para os que querem conhecer a cidade, sem alugar carro e de forma mais barata. Os ônibus são limpos, possuem ar condicionado no verão e calefação no inverno e apresentam passes de um dia, uma semana ou um mês. Existe um transporte alternativo, denominado trolley, que é uma interessante forma de circular em Orlando.

Voltei com uma percepção de que há opções para todos os bolsos, tanto na hospedagem, como na alimentação, mas que a vida dentro da Disney é muito cara, não valendo a pena, com raras exceções, como alguns restaurantes do Epcot Center, como o marroquino ou o italiano.

Vejo também que o Animal Kingdom , último parque construído, traz um vigor cultural grande, cheio de emoção cultural, natural e sustentável, e busca trabalhar conceitos modernos de preservação. O Disney Downtown, com sua riqueza musical e gastronômica, traz o grande Cirque du Soleil, que ali se instalou. Finalmente, a Universal vem concorrendo de forma leal e com empreendedorismo para buscar novas opções de comercialização do produto.

Uma viagem a Orlando é um verdadeiro curso de reciclagem, onde colaboradores de idades diferentes, portadores de necessidades especiais trabalham para que sonhos se tornem realidades, nos parques, centros gastronômicos e shoppings. E uma forma de testar nossos conceitos de civilidade, cordialidade, reconhecimento da importância da prestação de serviço e voltar cheio de idéias, para que sonhemos sempre com um turismo de qualidade...